20020926

- vou arrumar um namorado de 40 anos agora.
bem sério, daqueles bem fechados e chatos.
tô falando dos chatos músicos, dos chatos leitores compulsivos.
chatos porque são questionadores da natureza humana e de suas fraquezas.
- os gênios
- esse vai ser meu próximo namorado.
- que você tem que conviver com a personalidade forte e difícil deles
- éé
- porque eles são geniais
- porque ama loucamente.
ele vai me aceitar porque eu vou ser jovem e apaixonada
- e você vai ser a grande mulher por trás dele
- é
- foderoso!
- eu vou resistir duramente às provas de amor que ele vai me impor,
depois de descobrir que não é só um romance de verão com uma lolita
- hahahha
- (lolita velha)
- hahahaha
- lolita de 21 é foda
- despois ele descobre que não é uma lolita
- é modo de dizer, po.
uma menina 20 anos mais jovem que ele tá bom, lolita já é demais
hahah
aí ele vai sofrer porque vai se apaixonar por mim
- ele vai sofrer porque vai estar apaixonado e não vai saber lidar com o sentimento
e vai ser grosso e estúpido por horas
e apaixonante em outros momentos
- depois vai voltar e me dar beijos violentos
VIOLENTOS
- e nas crises dele tu vai ameaçar deixá-lo várias vezes
- e vice-versa
- beijos ventiladores
- isso!
- tu vai voltar pra a casa da tua mãe
- beijos-hélices
- e dias depois voltar pra a casa dele
- aí ele não vai me buscar
- porque vocês causaram tanto dano um ao outro que amar entre você é uma martírio
- até eu ligar chorando de madrugada
- (copiooooona)
- porque estamos encadenados
aí a gente vai envelhecer junto
- já tá na hora de encontrar um outro alguém
- com bebidas, cigarros, discos
os alguéns quase sempre vão existir
mas a gente vai se amar mais que isso!
- e quando ele morrer tu vai se procurada por pesquisadores que querem levantar dados sobre a vida dele
- tá boooom
- e isso vai fazer com que teu amor permaneça vivo
- aí eu vou fazer um filme de arte sobre nosso amor
em paris
- e com a mesma intensidade
aí quando tu morrer, teus filhos contarão tua história de amor
e isso se perpetuará
amém
- clap clap clap
{cariño como el nuestro es un castigo que se lleva en el alma hasta la muerte... mi suerte necesita de tu suerte...}

[conversas no mirc às 4 da manhã. eu, tatiana e carlos. bora dormir cedo?]

20020923

episódio de hoje: eventos da natureza

levando vento na cara e aproveitando o fato dos meus cabelos estarem curtos, ou seja, não baterem nos meus olhos com força por causa da ventania. delícia. vento na praia, vento inteirinho, linha que não pára de desenrolar bonitinha assim, carinhosa... que coisa gostosa! que coisa boa! porra, fazia tempo que eu não sentia ventinho assim, nem areia, nem agüinha salgada, a ponto de me referir a eles com diminutivos... e mais: puta merda, como alguém nasce villa-lobos nessa vida? caralho! como é bom estar aqui! é muito bom poder ouvir, é muito bom andar, é muito bom ver... é muito bom ter pé pra sentir essa areia, é muito bom ter boca pra cantarolar desafinado, enfim, é muito bom estar aqui na vida com vocês, senhores. muito prazer.

20020919

que perigo eu sou. hahahahahah.

eu sou uma criatura passional disfarçada de cara-de-nada
eu sou uma impulsiva compulsiva com cara de sensata
eu sou cheia de explosão e me disfarço de implosão

não me conheça, amor.
não saiba quem eu sou.
me ame sem nome, me ame.
eu vou me proteger.
vou manter você longe de mim.
não atravesse o meu espaço,
eu não deixo.
e então você não vai me matar.

mentira.
você me mata todo dia
quando nem me vê.
você me mata sempre
mesmo que nem lembre de mim.
você me mata
e eu me morro porque quero.
porque quero morrer de você.
e você nem me conhece...
eu não deixo...

20020917

não estou gostando. meu hd agora é queimado e estou sem o menor saco de escrever. depois, talvez, apareça algo que preste.

20020912

leite ninho

pensei em lhe contar sobre um defeito que tenho na coxa esquerda, mas achei melhor deixar pra
lá, isso não vai ter importância, você já deve saber.
quando você esteve perto por um instante eu vi, ligeiro, pois cada segundo é mesmo eterno já que
faz parte do infinito universal. é bom lembrar que foi tudo quase instantâneo.
eu vi você. eu vi você rápido e não vou dizer que vi o amor porque esse eu vejo todos os dias,
o tempo todo. eu tenho amor em quilos dentro e ele se torna em raiva, em mágoa, em flores para a
mamãe... ele se torna em figuras, ele conhece gente que nem conhecia e que muda tudo, ele conhece
a mim e me faz outra. em suma, não deve ser necessário dizer aqui o que é amor. também não tem
necessidade de falar sobre olhares que se entendem e são um, drummond já fez isso muito bem.
eu vi françois truffaut e o truffaut que criei com minhas impressões quando olhei para você, vi o que sentia quando ouvia dizer do amor, do bem, do feliz. vi coisas, é sobre visões que vim falar. você se deixou conhecer por mim em segundos. entendi a sua lógica, entrei no seu espaço, naquele momento ninguém era mais você que eu.
dentro dos tênis de cano baixo pés fortes e brancos, lindos. percebi que nos pêlos da perna
haviam falhas, cicatrizes de brincadeiras 'de menino' na infância, muitos divertimentos. poucos
pêlos outros, corpo bem à mostra, meio infantil e branco, sempre branco. gestos das mãos
encantadores, não encantados, encantada estava eu. no meio de todo mundo e da fumaça de marlboro
lights, notei tudo, eu fui chamada pra assistir você. na hora em que o seu sangue começou a correr em mim eu estranhei, pedi calma, eu permitiria aquilo? ninguém era mais eu que você. não tinha mais jeito e o sabor dos seus glóbulos sangüíneos era muito bom, quis parar senão perdia a consciência de mim e não quero podar-nos. nós dois um. então eu disse pra não deixar de ser você, que eu amo é isso aí. nós um, dois. rápido assim, instantâneo feito leite ninho.

a história da semente

gostaria de me ver um animal. um animal grávido, com pêlos, com pele, animal que tem sangue, animal feminino. insconsciente e desesperada como irracional, ou quase, humana. correndo em busca de um ninho, coisa assim, um prédio de apartamentos. ou cachorro que late pela sua fêmea, pela sua melhor alternativa. eu queria me ver raivosa e determinada, com o objetivo de passar na seleção natural das espécies.
devia ser um bicho grande, acho que os bichos que nascem grandes são assim porque não têm medo.
eu certamente seria um bicho de dentes afiados pelo menos, e a esta hora estaria me mordendo inteira por não conseguir, por fracassar e ficar olhando meus semelhantes profeticamente instalando sementes uns nos outros. eu estou seca e só tenho a minha própria dor, a mágoa que corrompe o meu semblante, a cara de amargura. eu transpiro abandono, eu transpiro tristeza. dessa vez, todo o meu óvulo foi perdido e é coagulado agora, útero vazio, cheio de desperdício. aumento o som, aumento. nada pode soar mais alto que isso? por favor, eu preciso estar surda. durante três dias eu vou velar a morte do meu futuro, aquele que não foi, e rezar por sua alegria num mundo paralelo. porque o que fica podre serve de adubo e esse futuro, o morto, está agora em outra dimensão, vive sem sentir a minha falta. aos que ficam na terra resta o uivo, a mordida na própria carne, resta o oco. é o destino das mulheres, dos seres femininos: espera-se mais um mês e tudo começa novamente. não sem razão eu vou povoar o mundo. a cada mês eu vou tentar, é uma ordem da natureza. e só às vezes lembrar dos filhos que perdi.

"cada homem é feito como se fosse o último, com potencial para repovoar o planeta."
[frase de elsimar coutinho, o doutor da não-menstruação.]

20020910

o comprimido

para problemas de tempo,
rua: pra fazer correr.
(pra isso existe asfalto).
para o outra ocasião,
sentar na praia:
mar é melhor.
coisa diferente
para cada mal,
o seu remédio.
para cada efeito-colateral
o seu antídoto.
e por isso
irreconhecível de vez em quando
porque para cada sintoma,
um tratamento específico.

20020907

detestei esse último post.

o ato de publicar

publicar-se é e tão somente é o ato de revelar-se a si mesmo perigosamente. ver audaciosamente (ou não) o que acham da sua pessoa e do que ela produz. justificativas não, pelo amor de deus, que isso é um saco. publicar-se não tem mais importância, moramos todos no big brother. é isso aí, agora quero ver todo mundo rebolar.

ave caetano

chega, não tem mais historinha.

Sinceramente não entendo essas meninas. Tudo bem, eu sou mesmo um dos melhores do mercado, mas cair na minha conversa é ridículo demais e ainda por cima me dar o cabaço.
Por mais que eu até goste de estar com ela, não deixo de achar que ela é uma otária por estar ali comigo. Detalhe importante: eu nem tenho consciência desse pensamento, ele vem em forma de simples impulso. Consciência é artigo raro na minha pessoa, porque além de relapso eu sou mesmo imaturo e um tanto ruim. Mas vão com calma no julgamento, que eu ainda não percebi.
Por causa de gente como ela, eu me convenci de que sou bom. Garotinhas inexperientes na minha mão são uma perdição, eu sou do mal. Posso deixar qualquer lolitinha besta com um cunilíngua e depois contar as vantagens do que comi. E não encho o saco nem encherei, é uma vaidade ser pervertido sexual.
Com ela não é diferente: a buceta jamais comida não me intimida. Depois de mim, ela não será mais a mesma. Clô (Clotilde ela odeia, nome de bisavó) é muito esperta. Trabalha direitinho com os mecanismos que tem e para os 17 anos recém inaugurados é bem saidinha, a danada. Mas insisto, é burra demais de se deixar envolver por mim. Nem eu acredito nisso.
Continuando: perdi a inocência desde cedo. Não me lembro do dia em que tive alguma. Essa porcaria dessa menina acredita em mim e sabe quem eu sou, por deus (que deus?), ela sabe quem eu sou. A culpa é toda dela. E eu não sei, eu não sei... Quem vê mais torto, ela que me ama do lado de fora ou eu que me amo do lado de dentro?
Eu sou burro. O pior é que nem sei disso, talvez nunca saiba. Ó que pena de mim, que sou cego, mudo e indeciso sem saber. Mas eu ouço, eu ouço e só por isso ela me salva. O último fiozinho dela está indo embora e eu acho é graça. Sempre vai ter uma imbecil pra trepar comigo. Eu sempre treparei com imbecis? Nunca me fiz essa pergunta.

20020905

eu experimentei ser alguém completamente diferente porque não me amavam.
agora eu construo minha pessoa (outra) prestando mais atenção no que eu tenho a dizer.
como assim?
veja, tá tudinho aqui na minha frente.
eu pego os pedacinhos do que eu fui, olho, olho e olho.
aí pego eles e vou tentando empilhar.
fica um cu, cai.
(eu não tenho talento pra arquitetura, parece que o meu dom é desorganizar - é mais fácil)

[isso está aqui por culpa de simone e nossa última conversa]

me trate bem, que eu não tenho medo de você. nem de você nem de seus amiguinhos. fale o quanto quiser, estrebuche, queime no fogo do inferno. você e seu exército. é do maior amor que surge o maior ódio e você não pode escapar de mim. eu? eu não posso fazer nada, quem faz tudo é você mesmo, sempre foi assim. eu nunca te pedi nada, só deixei você chegar. agora veja o que ganhou: espere o meu mau agouro chegar e aprenda com ele. agüente calado porque eu agüentei. enxergue o quanto eu sou errada e mesmo assim me ame. estoure-se, enovele-se, empeteque-se. só assim você vai poder devolver meu tempo, me dar a gargalhada que eu preciso ter. você é daquelas pessoas que tornam a gente mais chato e rígido e depois a gente responde que é a vida. é não, é gente como você.

episódio de hoje: na língua

necessidade. uma grande necessidade de ligar. não calar mais a boca, usá-la da maneira que me for
mais conveniente. é isso mesmo, cada um por si e deus por todos. e não é maldade não, é o que a
gente pode fazer. enfim: a melhor maneira de usar a minha boca era movimentar a língua. dizer
palavras há muito presas e premiar certos corpos com certas doses de efervescência hormonal e
passional. claro, claro, tudo o que eu mais queria era um corpo e é dessa precisão que me referi
mais acima. para isso, o uso do telefone supracitado. mas antes de contar tudo, eu queria
perguntar: com a língua se sente o cheiro?
não tirei o fone do gancho sem antes tomar umas três drágeas que me deixaram meio dormente, na
medida. o modo doentio como lidava com meus sentimentos era preocupante e consciente, a fuga e
o medo de dizer e levar não era paranóico. eu juro que não faria coisa assim em outras condições,
afinal eu tinha que ser uma fortaleza, amada e adorada por todos como nem jesus cristo fora.
que perigo é a mente imatura pensar. pra não fugir mais, tomei os remédios. perdão, não riam de
mim.
alôs sem graça, o meu, diga-se de passagem era um embargo só. no meu sonho já tinha ouvido ele
falar, segurando o meu cabelo: "se fosse naquele tempo, se você tivesse me falado na hora
certa, você sabia qual era a hora certa... mas agora?". Eu calei a boca. Tremi inteira como de
costume, o destino era todo ali na minha língua. E ela estava cambaleante, ela estava
desesperada, ela queria por tudo sentir o cheiro. Mas ela não gaguejava, porque sou forte e dura.
e eu adorava aquele homem.
sentimentalismos à parte, a carne pedia e eu não devia negar, não é certo negar-se algo assim.
não é certo porque éramos livres e desempedidos. mentira, éramos duas pessoas morrendo de medo
de ficar sozinhas. disse umas coisas partidas, ouvi fragmentos, nem me lembro mais. desliguei.
que solidão preciosa em cima da cama e eu nem pensava mais se receberia ou não alguma visita.
torpor do bom e campainha. campainha tocando. já era ele.
por isso dou um bom conselho a quem interessar possa: use sua língua, deixe ela entrar onde ela
quiser e bem entender, seja coração, dor, seja corpo, seja dente, seja boca, seja pele, seja
sabor. deixe ela entrar e se divertir mais um pouco. e não cale a língua de dentro da sua cabeça.
nem por medo.

20020903

se necessário, consultar a bula em gabrielamagalhaes@yahoo.com.br

episódio de hoje: tylenol.

paracetamol, para febres e dores. ando precisando de tylenol, porque tenho sentido dores estranhas e febres ainda mais inesperadas. das febres eu gosto, mesmo sabendo que não tenho controle sobre elas. febre de vício, febre de tesão, febre de sei-lá-o-quê que me ataca. e as dores são boas pra se aprender, mas chega de tortura. chegou a hora de tomar um antibiótico e matar o mal pela raiz, acabou o tempo do analgésico. esse será o assunto do nosso próximo encontro. ah sim, depois eu conto com mais detalhes os vícios e tesões, esse blog tem que ter alguma coisa interessante, ora porra.